domingo, 15 de maio de 2011

A Insurreição de Maio

O mês de maio é um marco de muitas datas do movimento operário...

Para além da data relembrada todos os anos – que diga-se de passagem, este ano no ato da Praça da Sé no 1º de maio de São Paulo um raio de sol atravessou o mormaço dos pequenos aparatos da esquerda com a confluência no Bloco José Ferreira das terceirizadas da Usp, dos militantes trotskistas da Ler-qi e de juristas como Souto Maior na luta comum contra a nova escravidão da terceirização e da precarização do trabalho – foi também em maio que teve início a Comuna de Paris. Uma data menos recordada é o maio de 1937, um marco do maior auge e do início da derrocada da Revolução Espanhola.

Uma data amarga, sobretudo para os hedeiros da política de conciliação de classes, da frente popular e do stalinismo, e também para anarquistas e revolucionários pouco consequentes de todos os tipos. Por outro lado, essa insurreição derrotada foi uma das maiores jornadas históricas do proletariado revolucionário.

A Espanha, depois do golpe fascista do general Franco em Julho de 1936, se dividiu não só territorialmente. Em Barcelona, Madrid e outras grandes cidades os trabalhadores e as massas ao enfrentar o golpe, destroçaram o estado burguês, e as suas organizações se transforam no principal poder de boa parte do país. Através da política de frente popular – a unidade entre as forças revolucionárias e burguesas democraticas para preservar a propriedade privada – o PC, o PS e os principais dirigentes anarquistas, com a ajuda, em Barcelona, do POUM, ajudaram a reconstruir o estado burguês, subordinando as juntas (conselhos de operários e camponeses) e os comitês de milicia às autoridades eleitas nas eleições do inicio do ano e ajudando a reconstituir a polícia burguesa (a Frente Popular, formada justamente pelos republicanos, pelo PC, PS, apoiada por anarquistas e poumistas tinha vencido as eleições do inicio do ano). Em Barcelona, Andrés Nin, importante dirigente operário e que havia sido colaborador de Trotsky antes de romper com este e fundar o POUM, se tona ministro da justiça e ajuda na reconstituição dos tribunais burgueses, que haviam sido substituídos por tribunais populares depois de Julho.
Enquanto segue a guerra contra Franco, uma verdadeira guerra civil se inícia no campo militar republicano. O governo da Frente Popular tentar iniciar um golpe contra os conselhos de milícias e juntas operárias, que eram quem exercia o poder de fato numa Barcelona coletivizada. Milícias do partido comunista tentam ocupar a central telefônica e uma troca de tiros se instala. Em pouco tempo a cidade se levanta em barricas, a base do POUM e dos anarquistas se soma aos operários nas barricadas. Uma vitória nesse momento decisivo poderia ter mudado o curso dos acontecimentos na Revolução Respanhola. No entanto não havia nenhuma força organizada, nem em Barcelona nem no resto da Espanha, capaz de levar a insurreição contra o governo da Frente Popular até o final.

Relembrar essa experiência nos dias de hoje é fundamental para se preparar para o futuro. O que está acontecendo no mundo árabe é só o começo e já agora essas contradições se apresentam.
Em relação à Libia, parte da esquerda apóia a intervenção da Otan, enquanto inclusive setores que se opõe a essa agressão imperialista contra o processo revolucionário, se enchem de ilusões quanto ás direções rebeldes, as mesmas que dão sinal verde para a Otan. O que a insurreição de maio de 1937 e toda a história da Revolução Espanhola nos ensinam, é que se a revolução democrática não leva ao triunfo da revolução operária e socialista ela mesma não pode vencer.

Abaixo, dois links para textos de Trotsky sobre a insurreição de maio e a revolução espanhola.

Observaciones sobre la insurrección de mayo

Lección de España: última advertencia

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